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Personagens também falam


Publicada em: 19/08/2005

Toda história precisa de personagens.
 
Mas como elaborar um personagem, como confeccioná-lo?

Alguns escritores contam suas estratégias de criação. Dizem que por vezes se inspiram em pessoas de verdade. Outros dizem que os personagens, sem aviso e permissão, adentram sua mente, apresentam-se e tomam conta de sua imaginação – leia ao lado o depoimento de Lygia Bojunga Nunes sobre como a personagem Raquel, do livro A Bolsa Amarela, nasceu.

Isso quer dizer que não há uma receita que nos ensine a criar personagens. Mas se quisermos desenvolver essa habilidade, podemos observar aqueles que já existem e, com eles, aprender quais são os elementos que os compõem.

 Â“A Raquel entrou no meu estúdio feito um furacão, explodiu no caderno onde eu escrevia o meu livro de viagens, dizendo que tinha dez anos, que tinha uma família assim e assado, que tinha um amigo inventado chamado André e ela se correspondia com ele, e que tinha essas tais vontades fortíssimas que ela precisava esconder depressa, depressa, DEPRESSA!”
Lygia Bojunga Nunes. Fazendo Ana Paz. Rio de janeiro, Agir, 1992. p.12

E é isso o que faremos agora: analisaremos um personagem. Quem é ele?

 

Basta ligar a TV no horário nobre, na Rede Globo, e você o encontrará. Ele faz parte do núcleo cômico da novela Senhora do Destino. Tem como características ser brigão, falar demais, ser exagerado, usar roupas espalhafatosas, namorar moças jovens, ser viúvo, ter uma sogra chata e ser representado por um excelente ator – José Wilker –, fato que o engrandece ainda mais. Ele é Giovanni, ex-bicheiro transformado em empresário sério e honesto. Apaixonado por uma das personagens principais, Maria do Carmo (Suzana Vieira), Jeová faz qualquer negócio para seduzi-la.

Para finalizar, falta dizer que Giovanni tenta se comportar como um fino e requintado empresário. Mas nem sempre – ou quase nunca – consegue. Querendo ser “fino”, exagera e acaba se tornando cômico. Mas não só em seus atos podemos observar seus exageros. Em sua linguagem eles também aparecem.
 
Giovanni tenta empregar uma linguagem culta, preocupando-se com o uso dos pronomes, com a concordância etc. Mas ao tentar acertar, Giovanni erra, ao preocupar-se com a colocação dos pronomes, acaba usando-os mais do que o necessário, criando orações semelhantes a “Me ajude-me”. Em relação aos plurais, Giovanni fala coisas semelhantes a cidadães, não informado sobre o fato de que nem todas as palavras terminadas em ão fazem o plural com ães.
 
E por aí vai Giovanni, nos divertindo com seu jeitão “bronco” e sensível ao mesmo tempo. Não apenas nos divertindo, mas ensinando que não só de imagem e atos vive um personagem. A linguagem empregada por ele também o compõe.
 
Para finalizar, se por um lado não damos receitas para elaborar um personagem (pois elas não existem), deixaremos uma dica: ao listar as características que seu personagem terá, pense em que tipo de linguagem ele empregará e que tipo combinará mais com ele.


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