As redes sociais podem estar “hackeando” o seu cérebro

De acordo com os estudiosos, os aplicativos e redes sociais podem “hackear” o cérebro humano e delimitar os hábitos, gostos e sentimentos

Como redes sociais podem “hackear” o nosso cérebro?

As redes sociais potencializam a interação entre as pessoas. Uma das coisas mais importantes para o entendimento das relações entre as pessoas e sua interação com o mundo versa sobre as formas como somos persuadidos a criar hábitos, criar práticas, comprar determinados produtos ou achar certos modelos de vida corretos.

Nossas mentes possuem vários estágios diferentes de alcance e em cada um deles o convencimento e a manipulação é realizado de uma forma distinta – mas, ainda que essa seja uma questão muito importante, ela é muito pouco discutida pela filosofia e pelas ciências em geral. Uma das principais tarefas das indústrias é dominar estas etapas da manipulação e da persuasão para convencer seus usuários a aderirem seus produtos.

Você já parou para pensar como as grandes empresas de tecnologia, em especial aquelas ligadas ao desenvolvimento de aplicativos e redes sociais, são capazes de programar seus dispositivos para que você fique ligado a elas o tempo todo? De acordo com os estudiosos, estas empresas estão “hackeando” seu cérebro! Vamos entender como?

Aprovação social

Em primeiro lugar, estas empresas perceberam que todas as pessoas são vulneráveis, em maior ou menor grau, à aprovação social – o que significa que nós realmente queremos saber o que as pessoas pensam sobre nós. Quando você fica com seu facebook aberto o tempo todo para ver o número de curtidas em uma nova foto, por exemplo, você provavelmente tornou-se uma vítima do que os estudiosos chamam de hacking cerebral e você não está sozinho.

De acordo com a pesquisa “Futuro Digital em Foco Brasil”, realizada em 2015, os brasileiros já se tornaram os líderes em tempo gasto nas redes sociais, passando cerca de 650 horas por mês – sim, a média dos brasileiros que possuem redes sociais ficam com a conta ativa mais de 21 horas diárias! A média brasileira é 60% maior do que a do restante do planeta.

Recompensa da programação variável

Uma segunda vulnerabilidade das mentes humanas diz respeito a algo conhecido como “recompensa da programação variável”.

Como isso funciona? Quando jogamos em um aplicativo, temos uma chance de ganhar e várias de perder. Quanto mais difícil for o jogo – e mais randômica forem as possibilidades de erro – mais o cérebro humano tem vontade de voltar a jogar, visto que ele se sente desafiado e muito mais recompensado quando a vitória aparece.

Isso também acontece nas redes sociais. Cada vez que o usuário abre sua conta, ele fica curioso para saber o que há de novo, quem o marcou em alguma postagem, quais comentários foram feitos, quem o adicionou e quantas curtidas recebeu. Esta mudança frequente – e sempre diferente – faz com que o cérebro humano sempre queira retornar à rede social para conhecer qual será a novidade da vez.

As redes sociais e os aplicativos são pensados para nutrir dois mecanismos principais da mente humana: a necessidade de aprovação e a recompensa por programação variável

Tanto as redes sociais como os aplicativos utilizam uma série de truques para que você permaneça ligado a eles pelo maior tempo possível. Ao mesmo tempo em que as novas tecnologias criam algoritmos mais eficazes, as grandes empresas organizam bancos de dados capazes de se aproveitar das informações recebidas para oferecer aos clientes aquilo que eles desejam. De acordo com Tristan Harris, ex-gerente de produtos do Google, o facebook utiliza truques parecidos com os realizados pelos cassinos para garantir que o usuário permaneça ligado à sua rede social pelo maior tempo possível, acabando com a capacidade de concentração das pessoas.

Mas como isso acontece na prática?

Quando você realiza uma postagem, ela gera curtidas e comentários pelos quais você recebe uma notificação. Este fluxo de notificações é composto para excitar o cérebro do usuário, fazendo com que ele sinta sempre a necessidade do aplicativo – da mesma forma como é feito com os caça-níqueis. Assim, cria-se um hábito e a mente é constantemente distraída.

Os aplicativos funcionam de forma semelhante, seja ao permitir que seus usuários coletem recompensas em fases diferentes ou de forma gradual, seja ao criar notificações com uma periodicidade determinada. Desse modo, o usuário fica interessado e é abastecido com novos conteúdos com frequência. Com estas estratégias, as empresas conseguem moldar os sentimentos e pensamentos de seus usuários.

Isso quer dizer que a tecnologia é ruim?

De forma nenhuma!

Os avanços tecnológicos trouxeram enormes benefícios para a contemporaneidade. Contudo, é necessário que eles sejam administrados de forma correta para que não atrapalhem nossas relações interpessoais, não tirem o foco de nossas atividades cotidianas, nem causem problemas para nossa saúde – como ocorre quando o cérebro se torna viciado.

O que diferencia uma pessoa cujo cérebro foi “hackeado” (ou viciado”) é o modo como ela age nas redes sociais – cabe ressaltar que elas foram criadas para aproximar as pessoas e facilitar a comunicação, mas alguém que já sofre com esse problema cria nesse ambiente um universo paralelo.

 


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