A tecnologia do substrato micorrizado, desenvolvida pela Embrapa Cerrados(Planaltina – DF) – Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – está sendo disponibilizada para incubação de empresa pela Embrapa Transferência de Tecnologia (Brasília – DF). O substrato, indicado para utilização na produção de mudas diversas, é enriquecido por fungos micorrízicos arbusculares selecionados que, depois de inoculados, aumentam a capacidade das plantas em absorver nutrientes do solo, principalmente ofósforo.
O efeito da micorriza arbuscular no crescimento das plantas vem sendo estudado pelos pesquisadores da Embrapa Cerrados desde 1977. A micorriza, associação natural entre fungos benéficos e específicos do solo e as raízes das plantas, propicia o crescimento mais rápido das mudas e aumenta a produtividade das culturas. “Muitas vezes o produtor não tem consciência da importância do aspecto biológico do solo”, salienta Jeanne Christine Claessen de Miranda, pesquisadora da Unidade.
A pesquisadora explica que no solo ocorrem vários processos biológicos que interferem na disponibilização de nutrientes para as plantas e no seu crescimento. O aspecto biológico, no entender da pesquisadora, deve receber tanta atenção quanto o aspecto físico como a compactação, a estrutura e a capacidade de retenção de água do solo e o aspecto químico como a acidez e a fertilidade do solo. “Esses aspectos estão ligados entre si e por isso é preciso reconhecer a importância do aspecto biológico”.
Segundo a pesquisadora, o solo da região dos Cerrados tem quantidade baixa de fungos micorrízicos arbusculares, mas grande quantidade de espécies. “Numa única amostra de solo, podemos encontrar de seis a oito espécies. A possibilidade de uma ser benéfica para a planta é grande”. O manejo de solos e culturas permite aumentar a comunidade desses fungos naturalmente presentes no solo, tanto em quantidade (número de propágulos) quanto em qualidade (número de espécies). Segundo Jeanne, quando esse manejo é inadequado, uma redução pode ocorrer nessa comunidade e, conseqüentemente, uma diminuição da resposta das plantas aos insumos utilizados.
Os pesquisadores observaram que, dentre as várias práticas agrícolas, a rotação de culturas pode favorecer de forma significativa a micorriza arbuscular. “Para cada sistema de produção, é importante e necessário programar o tipo de rotação e as culturas adequadas a serem utilizados”, salienta.
A utilização dos fungos micorrízicos na produção de mudas vem sendo recomendado pela Embrapa Cerrados desde 2000, ano da publicação do primeiro comunicado técnico sobre o assunto. No ano seguinte, a Embrapa deu início ao processo de patenteamento do substrato micorrizado. A Proteção Intelectual (PI) já foi recebida e a tecnologia está sendo disponibilizada para incubação de empresas.
A técnica para produzir inoculantes surgiu da necessidade de compensar a baixa quantidade ou até mesmo ausência de fungos micorrízicos arbusculares observada no solo utilizado para a produção de mudas. O processo de produção do inoculante aconteceu em várias etapas.
O estudo começou com a seleção de espécies desses fungos, nativos do Cerrado, mais eficientes. Para medir a eficiência, os pesquisadores levaram em consideração as respostas positivas num grande número de plantas hospedeiras numa ampla faixa de acidez e fertilidade do solo e a multiplicação de propágulos do fungo no solo. A seleção resultou na identificação de três espécies de fungos mais eficientes. O substrato, enriquecido pelos fungos micorrízicos selecionados, tem uma composição que favorece a multiplicação dos fungos. “Já existe produção de inoculante no país, mas em pequena quantidade. A vantagem do material da Embrapa é o uso de espécies selecionadas o que torna o processo de produção mais prático e econômico”, destaca Jeanne.
O substrato micorrizado foi testado na produção de várias mudas no viveiro da Embrapa Cerrados. A pesquisa, de modo geral, tem comprovado que espécies como café, citros, manga, acerola, pequi, maracujá, baru, sucupira, eucalipto, jacarandá da Bahia, além de diversas palmeiras e forrageiras, se beneficiam da inoculação.
Link da matéria original:https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/17999372/tecnologia-da-micorriza-e-disponibilizada-para-incubacao
Alunas: Amanda Flaudizio, Flávia Eduarda e Thatyane Rodrigues