”Primeira trans no futebol deixou o esporte após redesignação sexual” Wanderléia Rocha, Amanda Flaudizio e Thatyane Rodrigues

A primeira jogadora transgênero a jogar futebol de maneira profissional abandonou o esporte depois de ter iniciado a sua redesignação sexual por via hormonal.

Jaiyah Saelua, 29, que defendeu o time masculino de Samoa Americana nas eliminatórias para a copa de 2014, tomou a decisão em 2015 por não conseguir mais acompanhar os ritmos dos treinos masculinos em razão de transformações pelas quais o seu corpo passou.

A FIFA não possui política voltada para transgêneros e evita dar um posicionamento sobre o assunto. A organização diz que não tem o que declarar por nunca ter precisado analisar questão sobre o assunto.

O caso de Saelua ganhou repercussão em 2011. Ela já se identificava com o sexo feminino quando esteve em campo na primeira vitória da história da seleção de futebol de seu país-considerado a pior do mundo, na ocasião.

”Eu não escolhi atuar pela seleção masculina, era o time que eu tinha que jogar, considerando que fui convocada quando tinha 14 anos. Naquela idade, não tinha começado o tratamento hormonal era considerado homem”.

Saelua diz que cogita entrar com um pedido para defender a seleção feminina de Samoa Americana.

”Considerando que a FIFA não tem uma política para apoiar ou negar este entendimento, creio que isso seja possível”, disse.

Nascida Johnny Saelua, a jogadora se identificava como ”fa’ afafine” ( Na forma de mulher em tradução livre), minoria reconhecida em seu país como um terceiro gênero.

” Embora no papel esta não seja uma identidade legal, ela é tradicionalmente e culturalmente reconhecida pelas pessoas de Samoa e da Samoa Americana”, afirmou Saelua.

”A influência da religião e das ideologias ocidentais afetou a percepção sobre as ‘fa’afafine’, mas geralmente somos respeitadas em nossas comunidades e contamos com as mesmas oportunidades que qualquer outra pessoa”, afirma Saelua.

Ela iniciou o tratamento hormonal há três anos. As mudanças decorrentes do tratamento a fizeram deixar o esporte profissional.

”Eu me tornei menos capaz de seguir o ritmo do time. Eu não consigo mais acompanhar as habilidades e técnicas necessárias para jogar numa equipe competitiva de homens”, afirma.

Hoje ela vive no Havaí e joga futebol como um passatempo. ”A maior parte do meu tempo é em casa, tomando de conta do meu tio idoso. Uma das responsabilidades culturais mais antigas dos ‘fa’afafine’ é cuidar dos mais velhos, então eu estou mantendo a tradição”, disse.

Nas redes sociais, Saelua diz ser a primeira jogadora transgênero reconhecida pela FIFA. A organização afirmou e convidou a atleta para campanhas  de inclusão às minorias no futebol, mas diz que não houve um reconhecimento formal de sua identidade como mulher.

”A FIFA foi muito acolhedora com o meu envolvimento no esporte, mas acredito que isso aconteceu porque eu sou mulher transgênero que jogou pelo time masculino. O mundo do futebol não seria tão receptivo se eu quisesse atuar pela equipe feminina”, afirmou ela.

”Um dia, eu ou outra transgênero irá jogar com as mulheres, então nós veremos o quão acolhedora a FIFA será.”

No site da organização, o perfil de Saelua ainda é apresentado com seu nome masculino. ”Iria agradecer se a FIFA mudasse o meu registros oficiais. Enviarei uma cópia da minha ordem judicial se é o que eles precisam para alterá-lo,” afirmou.

 

Fonte:https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2018/04/primeira-trans-no-futebol-deixou-o-esporte-apos-redesignacao-sexual.shtml

Imagem:https://www.telegraph.co.uk/sport/football/world-cup/10804794/Next-Goal-Wins-star-Jaiyah-Saelua-is-the-transgender-John-Terry-and-plays-in-the-worlds-worst-international-team.html

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *