O termo micorriza, que significa literalmente “fungo de raiz” (do grego mykes – fungos; rhiza – raiz), foi usado pela primeira vez por Frank, em 1885, para descrever a associação de raízes de plantas superiores e fungos. Estas associações são de caráter simbiótico não antagônicas, que se estabelecem quando o fungo penetra no sistema radicular, invadindo o córtex inter e/ou intracelularmente, estabelecendo relações tróficas com a planta (POWEL & BAGYARAJ, 1984; LOPES, 1986; ZAMBOLIM & SIQUEIRA, 1985).
As micorrizas são agrupadas de acordo com sua morfoanatomia em: Ectomicorrizas, em cuja associação os fungos penetram o córtex da raiz intercelularmente, formando uma rede, conhecida como “rede de Harting”, e externamente formam um manto de hifas e rizomorfas, com profundas alterações morfoanatômicas na raiz. Ocorrem predominantemente em espécies arbóreas de clima temperado, especialmente coníferas, as quais podem se associar com mais de cinco mil espécies de fungos, na maioria basidiomicotina. Ectoendomicorrizas, são associações similares as ectomicorrizas, mas com penetração intracelular mantendo o manto externo de hifas. Distinguem-se em três tipos, com base no hospedeiro: ectoendomicorrizas de Pinus, de arbutoides e de monotropoides. Os microbiontes são, na maioria dos casos, basidiomicetos ectomicorrizicos. Endomicorrizas – são as associações caracterizadas pela penetração inter e intracelular e ausência de manto externo. Ocorrem com três tipos de diferenciação: as micorrizas ericóides, associadas a raízes de plantas da ordem ericales e os fungos pertencem aos gêneros Pezizella e Clavaria; as orquidóides, associações entre as orquideaceas e fungos dos gêneros Rhizoctonia e Armillaria; e as Vesiculo-Arbusculares (MVA), Associações de fungos da família Endogonaceae (Zigomicotina) e a maioria das espécies de plantas vasculadas. O processo de penetração celular das endomicorrizas ocorre pela invaginação do plasmalema de célula radicular do hospedeiro e a hifa penetrante fica totalmente envolvida pela matriz, material originado no fitobionte. Após a penetração, ocorre a diferenciação da hifa intracelular, formando espirais, pelotões, arbúsculos e vesículas, sendo que estas últimas são encontradas com maior freqüência no interior das células colonizadas pelo fungo (POWELL & BAGYARAJ, 1984; SIQUEIRA, 1986).
A associação micorrízica, qualquer que seja sua morfoanatomia, promove o crescimento das plantas principalmente porque sua hifa extramatricial aumenta a absorção de água e nutrientes, especialmente daqueles que se aproximam do sistema radicular por difusão, como o fósforo, o zinco e o cobre, de difusividade lenta, por causa do substancial aumento no volume de solo explorado. Estas hifas associadas com as raízes de plantas colonizadas por este tipo de fungos, além do maior volume de solo explorado, promovem uma superfície de absorção muito maior do que são capazes os pêlos radiculares nas plantas não micorrizadas (GERDEMANN, 1968; MOSSE, 1973; RHODES & GERDEMANN, 1975; MIRANDA, 1981; SCHENK, 1982; LOPES et al, 1983; ABBOTT & ROBSON, 1984; DANIELS HETRICK, 1984; POWELL & BAGYARAJ, 1984; ZAMBOLIM & SIQUEIRA, 1985; KRUNGER, 1991).
As micorrizas vesículo-arbusculares (MVA) são as associações fúngicas mutualísticas que mais se tem estudado ultimamente, mas ainda não tem aplicação em larga escala na agricultura, principalmente devido a dificuldade de obtenção de inoculo, pois só se propagam quando associadas a uma planta viva. Por outro lado, os estudos conduzidos com estes fungos empregam espécies com critérios indefinidos, dificultando a geração de informações seguras para recomendá-los de forma generalizada.
Contrariamente ocorre com as ectomicorrizas, cuja produção de inoculo já atingiu escala comercial, mas sua aplicação tem importância ecológica e econômica somente na área florestal. Mesmo assim, o número de pesquisas nessa área é restrita, com também um número limitado de pesquisadores e instituições envolvidas.
Associação mutualista das raízes de vegetais superiores com fungos. Ocorre em quase todas as plantas terrestres, com exceção de alguns grupos como as Ciperáceas e Brassicáceas. Em muitas espécies arbóreas, por exemplo, no pinheiro (Pinus sp.), é obrigatória.
A micorriza caracteriza-se pela troca de nutrientes entre os parceiros: a planta superior fornece ao fungo principalmente carboidratos (em geral, sob a forma de sacarose), enquanto o fungo fornece à planta principalmente água e compostos nitrogenados ou fosfatados, além de outros nutrientes essenciais como cálcio e potássio. O fungo auxilia, assim, na transferência dos nutrientes do solo à planta (muitas vezes, estes nutrientes não são acessíveis à planta de outra forma), e é abastecido por esta com carbono orgânico.
De modo geral, as micorrizas são classificadas em: ectotróficas, endotróficas e ectendotróficas. As três categorias diferenciam-se por suas características morfo-anatômicas.
As micorrizas ectotróficas, muito comuns nas florestas tropicais e temperadas, ocorrem tipicamente entre árvores e Basidiomicetos. O micélio do fungo forma uma densa trama ao redor das raízes da árvore. Algumas hifas penetram nos espaços intercelulares das zonas corticais da raiz, onde constituem a chamada rede de Hartig. A infecção pelo fungo via de regra inibe o desenvolvimento de pêlos radiculares, cujas funções são assumidas pelas hifas. As ectomicorrizas desenvolvem-se melhor em solos pobres e, além de garantir o fornecimento de água e minerais ao hospedeiro, protegem suas raízes do ataque por outros parasitas, através da secreção de substâncias antibióticas pelo fungo.
As endomicorrizas são comumente encontradas nas orquídeas e nas Ericáceas (como, por exemplo, as azaléias). Caracterizam-se pela penetração das hifas do fungo (em geral, Basídio ou Ascomicetos) no interior das células corticais da raiz. As orquídeas são inteiramente dependentes do parceiro micorrizal para a germinação da semente e desenvolvimento da plântula. Durante a fase não-fotossintética de seu ciclo de vida, as orquídeas absorvem compostos orgânicos do fungo. Já durante a fase fotossintética, este provê a planta com minerais.
As associações ectendomicorrizais (micorrizas ectendotróficas) constituem uma forma intermediária entre os outros dois tipos. O micélio externo é reduzido ou ausente, a rede de Hartig é bem desenvolvida e as hifas penetram nas células hospedeiras.
http://www.scielo.br/scielo.phpscript=sci_arttext&pid=S0103-84781991000300013 https://www.algosobre.com.br/biologia/micorrizas.html