O espectro da fome

 

Existem pessoas no mundo, das mais variadas áreas, como políticos, ambientalistas, jornalistas e até intelectuais, que afirmam que a tecnologia venceu a fome. Segundo essa ideia, não haveria mais fome e sim subnutrição, o que seriam coisas diferentes.

Bem...

Se perguntarmos a uma criança subnutrida se ela sente fome o que será que ela responderia?

Mas deixemos essa discussão semântica para outra oportunidade.

Num mundo onde a tecnologia impera, seria possível aumentar a produção de alimentos de forma a erradicar a fome do mundo. Para que essa afirmação tome ainda maiores ares de realidade, vamos dizer que em teoria isso é fato; mas na prática não é bem isso que acontece...

A injusta divisão de riquezas – dentro dos países e no mundo como um todo - não permite que milhões de pessoas tenham acesso à comida.

Aliás, de acordo com o Instituto de Pesquisas sobre Políticas Alimentares, sediado em Washington, EUA, cerca de 815 milhões de pessoas passam fome no mundo e mais de 120 milhões de crianças sofrem com insuficiência alimentar.

O Instituto divulgou um Índice de Fome Global, indicador que tem uma pontuação de zero a cem, onde zero é o melhor resultado. Para a criação do Índice, os pesquisadores levaram em consideração fatores como mortalidade infantil, desnutrição infantil e o número de pessoas com alguma deficiência alimentar.

Foram pesquisados 119 países pobres ou emergentes até o ano de 2003.

Outras variáveis a pesar nos cálculos são os históricos de guerras civis e a presença de epidemias como a AIDS, por exemplo, caso dos países da África subsaariana.

De fato, o Índice mostrou que os problemas advindos da fome são mais graves exatamente nessa região do continente africano, cujos países ocupam as dez piores posições do ranking.

PIORES NOTAS - RANKING GERAL
Burundi – 42,7
Eritreia – 40,4
República Democrática do Congo – 37,6
Etiópia – 36,7
Serra Leoa – 35,2

MELHORES NOTAS - RANKING GERAL
Belarus – 1,59
Argentina – 1,81
Chile – 1,87
Ucrânia – 1,97
Romênia – 2,07

Quanto à nossa América do Sul, a maioria dos países apresenta uma pontuação menor do que dez, o que indica, segundo o Índice, problemas “moderados”, com exceção para a Bolívia que, com uma pontuação entre dez e vinte, apresenta problemas “graves”.

O único país latino-americano que apresenta pontuação maior do que vinte está na América Central: o Haiti.

Na mesma faixa que o Haiti estão países do sul da Ásia, como Índia e Bangladesh.

Os políticos do mundo, pessoas que realmente detém o poder de decisão para as ações efetivas, deveriam olhar para além da frieza desses números, e enxergar que por trás deles existem pessoas como eu e como você, que têm a infelicidade de conviver com um dos mais odiosos problemas sociais: a fome.


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