Formigas também contam
Dois pesquisadores provam que formigas são capazes de somar e subtrair.
Não é estranho saber que a matemática pode ser difícil para algumas pessoas e tão fácil para as formigas? Alguns poderiam dizer que se trata de um fenômeno irreal, porém, dois pesquisadores russos provaram que esse fenômeno é verdadeiro. A dupla é composta por Zhanna Rezhikova, da Academia Russa de Ciências, e Boris Ryabko, da Universidade de Telecomunicações e Ciência da Computação da Sibéria.
A formiga escolhida por eles na pesquisa é a Formica polyctena, da família Formicidae, e pode ser encontrada em países como Áustria, Bulgária e Finlândia.
Desde criança você devia ouvir as pessoas dizendo que o principal objetivo da formiga é conseguir o máximo de comida no verão para no inverno não precisar sair à caça. Portanto, a pesquisa gira em torno de: “as formigas à procura de comida”.
Para tal, construiu-se um cilindro plástico com 30 pequenos tubos, cavados, como se o cilindro e os tubos formassem um pente cujos dentes são os tubos e o cabo do pente é o cilindro, como mostra a figura abaixo:
Os cientistas mantinham as formigas em um compartimento que dava acesso direto ao cilindro e aos tubos. No primeiro experimento eles colocaram em um dos tubos uma solução adocicada e nos demais apenas água. Escolheu-se do grupo de formigas uma que seria a “chefe”, aquela que iria ver onde estava a solução adocicada para então “contar” às demais formigas. Depois de escolhida a formiga “chefe”, eles a colocavam em frente ao tubo que continha a solução adocicada e ela, ao sentir o cheiro do açúcar, automaticamente voltava para o compartimento onde estavam as demais formigas, para então “contar” onde possivelmente havia doce. Essa formiga era então retirada do compartimento, a fim de que ela não influenciasse as demais na procura pelas suas instruções (visto que ela já sabia o caminho). Além disso, o tubo com a solução adocicada era então substituído por água, para que as formigas fizessem uso apenas da instrução da formiga “chefe”, evitando também que elas seguissem os rastros químicos deixada pela “chefe” ao voltar. O cilindro também foi substituído.
Perceba que o intuito deles era que as formigas chegassem à comida apenas com as instruções cedidas pela formiga “chefe”, e não usassem nenhum estímulo visual ou olfativo. Supondo que a comida estivesse no tubo de posição 10°, adivinha aonde as demais formigas iam? No décimo tubo. Para confirmar esse fato, os pesquisadores repetiram essa experiência, alternando a posição dos tubos com solução adocicada 152 vezes. E as formigas chegaram ao local certo em 117 das 152, ou seja, 77% de acerto!
Os pesquisadores concluíram com esse primeiro experimento que as formigas conseguem contar e compartilhar informações numéricas. Para comprovar se elas eram capazes de fazer operações aritméticas, em seu segundo experimento, eles continuavam variando as posições das soluções adocicadas, porém, eles frequentemente as colocavam na mesma posição, permitindo, dessa forma, que as formigas “chefes” fixassem esses lugares. Também foi possível perceber que, quando o alimento estava próximo a essas posições, a informação era passada mais rapidamente. Eles concluíram que possivelmente, nesse caso, as informações eram passadas com operações aritméticas; por exemplo, supondo que o tubo 10° seja aquele escolhido para receber a solução adocicada com frequência, se a solução estivesse no tudo 12°, acredita-se que a informação passada era: “Vá até a posição 10°. Caso não esteja lá (pois é a posição que mais frequentemente recebeu a solução adocicada), ande mais duas posições”.
A dupla de pesquisadores acredita ainda que esse experimento pode ser feito com qualquer espécie animal com habilidades sociais.