São Paulo: metrópole de comando do território
As transformações territoriais provocadas pelos novos sistemas tecnológicos – nos quais estamos hoje totalmente imersos - se dão a partir dos anos 1970. A partir de então, o espaço técnico-científico que já se conhecia, se transforma em algo novo.
Hoje, quando nos referimos à manifestações geográficas decorrentes dos novos progressos, não é mais de meio técnico que se trata, pois estamos diante da produção de algo novo, o meio técnico-científico e informacional .
Porém, quando o progresso técnico alcançou níveis tais, trazendo a globalização, ela não se realizou a serviço das sociedades como um todo, mas a serviço de uns poucos agentes, especialmente as grandes firmas mundiais.
É dessa forma que a racionalidade, isto é, a maneira de gerir as transações econômicas, políticas e até sociais do período atual confere um novo sentido para o uso do território. Hoje, mais do que nunca, esse uso é intensamente condicionado pelo mercado, e a informação , elemento fundamental, que conecta todas as relações, é centralizada na mão de um número extremamente limitado de empresas.
O processo de urbanização atual, que acontece em quase todos os países do mundo, cria uma nova dimensão para a relação entre a internacionalização (sob o comando da globalização) e as cidades. Isto porque a nova divisão internacional do trabalho leva a uma mundialização (ou padronização) dos lugares; esses lugares são, por excelência, as grandes cidades, metrópoles hoje conhecidas como cidades mundiais.
O mundo produtivo contemporâneo se articula territorialmente em torno da rede de cidades, que dependem cada vez mais de suas formas de articulação com a economia global.
Os processos de urbanização, as cidades e os cidadãos, por sua vez, não estão alheios às mudanças estruturais causadas pela revolução informacional. De fato, assistimos ao processo de urbanização mais rápido e de maiores dimensões da história. Em poucos anos a maioria esmagadora da população mundial será urbana e a imensa maioria dessa população urbana viverá em cidades localizadas nos países em desenvolvimento.
As telecomunicações permitiram a gestão e a comunicação entre sistemas rurais e urbanos distantes, possibilitando a concentração da população em aglomerações territoriais, parcialmente descontínuas, de gigantesca dimensão e de características sócio-espaciais historicamente novas. De certo modo, o destino da humanidade está nas áreas urbanas e, sobretudo, nas grandes metrópoles.
Assim, as grandes cidades são os “nós” da rede produtiva global; esses “espaços da globalização” são os eleitos para ser os pontos de realização dessa nova economia mundial, pois são os lugares que contam com alta densidade informacional.
No Brasil, a cidade mundial por excelência, é a cidade de São Paulo.
A Região Metropolitana de São Paulo é, além do maior mercado, o principal centro de decisões da América do Sul. Nela estão instaladas as sedes dos principais grupos empresariais, nacionais e estrangeiros, que atuam no país.
Os jornais noticiam com Frequência a mudança para São Paulo de matrizes de grandes grupos nacionais e estrangeiros, antes localizadas em outras cidades do país ou da América Latina, ou a instalação das empresas que estão chegando na região, consolidando assim sua posição de principal centro econômico e financeiro da América do Sul.
As razões para isso são inúmeras...
A capital paulista dispõe do aparato necessário para a realização de negócios; tem a maior oferta de executivos e de mão-de-obra especializada; conta com as principais empresas internacionais de consultoria, escritórios de advocacia, agências de publicidade, a melhor rede hoteleira, os melhores hospitais e restaurantes do país.
Estão em São Paulo nove das dez maiores editoras de revistas, cinco dos dez principais jornais, sete das dez maiores editoras de livros e, na área de informática, seis das dez maiores empresas de equipamentos (mesma proporção verificada em empresas de software) e sete entre as dez maiores de Internet que atuam no país. Dos 20 maiores bancos múltiplos, comerciais e caixas econômicas existentes no Brasil, no ano 2000, 16 estão sediados na capital paulista e quatro deles estão entre os 20 maiores grupos empresariais brasileiros.
Das dez maiores empresas de cartões de crédito, seis estão sediadas em São Paulo, assim como sete das dez maiores corretoras de valores e cinco das dez maiores empresas de seguros; a maior bolsa de valores do continente sul-americano – a Bovespa – e a Bolsa de Futuros e Opções de Commodities – BM&F –, a sexta do mundo em volume de contratos negociados, também estão na cidade de São Paulo, que abriga, ainda, 38% das sedes das 100 maiores empresas privadas de capital nacional, e 63% das sedes de grupos empresariais internacionais instalados no país.