O capitalismo financeiro
Vimos que os avanços tecnológicos foram o motor do capitalismo industrial. Da indústria têxtil inglesa, a tecnologia se estendeu a outros setores, como a siderurgia e os transportes, e avançou ainda mais, até provocar a III Revolução Industrial, a partir da década de 1970.
Com a ampliação dos lucros, foram permitidos grandes reinvestimentos, principalmente na indústria, gerando cada vez mais lucros e reaplicações. Esse processo de reaplicação sucessiva dos lucros é o que chamamos de reprodução ampliada do capital, e o que acabou por gerar a sua acumulação.
É por causa disso que já no século XIX se tornava necessário um eficiente sistema bancário, com o objetivo de gerir esse capital e financiar a produção da indústria.
A partir da concretização dessa necessidade, não foi mais possível distinguir o capital industrial do capital bancário; agora era a vez do capital financeiro, onde os bancos passam a ter um papel cada vez mais importante como financiadores da produção. A junção das atividades se torna tão concisa que bancos incorporam indústrias, enquanto indústrias incorporam ou constituem bancos para lhes dar retaguarda.
Nessa fase do capitalismo, várias empresas surgiram e cresceram rapidamente: bancos, indústrias, corretoras de valores, casas de comércio, etc. A apertada concorrência favoreceu as grandes empresas, permitindo fusões e incorporações, e assim, nessa nova etapa, o capitalismo – agora denominado capitalismo monopolista ou financeiro – se caracteriza pela concentração de capitais e pela formação de grandes monopólios e oligopólios, isto é, a associação de empresas de grande porte, no intuito de determinar os preços dos produtos, controlar o mercado e absorver os concorrentes menores. Veja na tabela alguns dos grandes grupos da atualidade que surgiram nesse período!
Como o mercado passa a ser oligopolizado (dominado por grandes corporações), há um enfraquecimento da livre concorrência e do livre mercado, e o Estado passa a intervir na economia, como agente planejador e/ou coordenador. De seu lado, os poderosos monopólios se aproximam do Estado para obter vantagens, como redução de impostos e a adoção de políticas expansionistas para ampliação dos mercados. Daqui resulta o aumento da influência norte-americana na América Latina, o estabelecimento de colônias europeias na África e na Ásia, e a conquista da Coreia e da Manchúria pelo Japão: eram as disputas geográficas do imperialismo.
Na primeira metade do século XX, quando o capitalismo financeiro se consolida, se inicia um grave problema: os baixos salários pagos na época, nos Estados Unidos, não permitiam que as pessoas pudessem comprar, e a Europa recuperou a sua indústria, que passou a importar menos dos Estados Unidos; assim, o enorme aumento da produção, proporcionado pela tecnologia, não encontrou mercado consumidor, e a política de exportações não era nada favorável. Somada à crise da superprodução, a exagerada especulação financeira levou a uma queda brutal dos preços, despencando o valor das ações de grandes grupos empresariais e causando um abalo gigantesco, conhecido como a Crise de 1929.
A quebra de muitas empresas e o desequilíbrio financeiro, fizeram com que se ampliasse o processo de concentração de capitais, através dos monopólios e oligopólios. Para contornar a crise, o Estado passa a intervir diretamente na economia, elaborando planos econômicos, injetando recursos por meio da construção civil, controlando preços e distribuição de mercadorias, definindo as regras do mercado de trabalho e nacionalizando setores considerados estratégicos, como produção de energia, transportes, bancos e siderurgia.
O apetite voraz das mega- empresas: em seu crescimento astronômico, poderiam ser vistas como um polvo, que engolia seus concorrentes e ameaçava o Estado, que por sua vez, criava leis antitrustes. |
Por isso, se você ouvir o termo capitalismo de Estado para denominar essa época, já sabe porque... Data dessa época também a intervenção do Estado como inibidor do desenfreado crescimento da concentração de capitais, criando leis contra os trustes e os cartéis, face da expansão do poderio dos monopólios.
Também, o impacto da crise sobre a sociedade acabou obrigando o Estado a definir políticas específicas de satisfação das necessidades sociais. Nasce assim o chamado Welfare State, ou o Estado do Bem Estar Social.
A crença de que o Estado poderia amenizar as contradições sócio-econômicas do capitalismo só seria abalada a partir da década de 1970, com a volta das ideias liberais.