O acidente nuclear de Goiânia
O maior acidente nuclear ocorrido no Brasil não aconteceu em uma usina nuclear mas em um ferro-velho, na cidade de Goiânia. No dia 13 de novembro de 1987, dois catadores de papel e de sucata encontraram um aparelho de radioterapia nos escombros do que fora o Instituto Goiano de Radioterapia. Ao abrir o equipamento eles maravilham-se com uma espécie de pedra do tamanho de um ovo. O objeto apresentava uma estranha luz azul nunca vista antes: seria uma pedra preciosa?
Uma mistura de curiosidade, cobiça, gestos de delicadeza e desinformação fez com que fossem espalhadas pequenas quantidades do Césio 137 entre amigos, vizinhos e clientes, como o dono do ferro velho que comprou dos dois catadores o núcleo do aparelho, de onde saía a luz intensa e azul. O achado passou a atrair diversas pessoas ao local. Duas semanas depois, uma grande quantidade de pessoas começou a procurar os hospitais da cidade com sintomas de tonteira e náusea, além de queimaduras pelo corpo.
Milhares de pessoas foram submetidas a exames para comprovar ou não a contaminação pelo césio, sendo que cerca de 500 delas foram oficialmente consideradas vítimas dele. Desse extenso grupo, 60 foram classificadas entre as de maior grau de contaminação.
Dias depois, quatro pessoas morreram vítimas do contato com o césio. Cerca de trinta pessoas ainda vivem, em Goiânia, com sequelas da contaminação radioativa. Muitos dos que mantiveram contato com o material sofreram amputações nos membros superiores. O material contaminado foi enterrado em um depósito construído especialmente para esse fim, em local distante 25 quilômetros da capital de Goiás e que hoje abriga um parque ecológico.
A tragédia que ocorreu em Goiânia poderia ter acontecido em qualquer outra cidade brasileira, tendo em vista o descaso das autoridades responsáveis pelo controle e fiscalização de material radioativo.